Estamos prontos para o futuro?

Propósito vende?
26 de junho de 2025
Branding é o diferencial da sua empresa
21 de julho de 2025
Propósito vende?
26 de junho de 2025
Branding é o diferencial da sua empresa
21 de julho de 2025
Estamos preparados para o futuro

Estamos prontos para o futuro? Essa é uma pergunta que se faz diariamente dentro dos ambientes onde o marketing e a comunicação estão presentes, e a resposta, em um primeiro momento é sim, mas eu faço esse artigo para uma reflexão. Será mesmo?

Para ficar bem na sala de reunião, sempre que a pergunta Estamos prontos para o futuro? For feita a resposta será sim, sem ao menos pensarmos no que isso pode trazer para as nossas vidas, e acredite, nem sempre um sim é a melhor resposta.

Quem trabalha com estratégia de marketing, marcas e inovação, que entende que o digital vai muito, mas muito mesmo, além do post no Instagram ou vídeo no TikTok – que são importantes, mas não são tudo que o digital oferece – entende o que estou falando.

Podemos, nós, estrategistas estarmos preparados, mas o mercado está? Quando uma ideia é inovadora, ela é bem aceita pelos decisores? Eles olham essa ideia como? Já ouviu a frase “adorei a ideia, mas esse ano nosso foco é…” ou “a ideia é muito boa, mas nossa marca não será a primeira a fazer…” e ai temos que esperar alguém ter a “síndrome do Romeo Busarello e ter coragem para fazer. Entendam isso como uma singela homenagem a esse meu amigo que tanto admiro.

Estamos prontos para o futuro? Repito essa pergunta para que você, antes de dar sequencia nesse texto, faça a sua reflexão e no final, eu prometo contar a minha.

Omnichannel ainda espera o Brasil acordar

Vamos trazer uma outra provocação aqui. Eu me lembro, em 2014 eu escrevi um e-book que foi até um sucesso sobre insights da NRF daquele ano, onde a loja física retomava o protagonismo, perdido em outras edições da importante feira para o e-commerce, e tudo isso, porque começava a surgir no mercado um termo chamado “Omnichannel”, que muita gente surfou com conteúdo, mas pouca prática, e nesse quesito, assumo a minha culpa.

O e-book eu nem tenho mais, afinal, são 14 anos defasado, mas na época, foi um material bem completo com diversos insights de pessoas que estavam na feira, para quem não sabe, a NRF (National Retail Federation), é a maior associação de varejo do mundo e ocorrem em um evento anual em Nova York que apresenta as últimas tendências e tecnologias para o setor varejista.

Entretanto, anos mais tarde, em 2021, lancei o livro Transformação Digital onde eu abordo muito sobre esse tema, o qual coloquei como um dos principais pilares desse outro conceito, Transformação Digital, que para mim é o grande guarda-chuva de toda a mudança que estamos presenciando.

Livro Transformação Digital

Esse termo ganhou muita força em 2014 e 2015, muito impulsionado pela NRF, mas diversas dificuldades impediram desse conceito expandir no Brasil, e confesso, eu fui um dos que tentou implementar, todos os meus projetos, praticamente, dessa época eu incluía algo que estava ligado ao Omnichannel, mas a mentalidade brasileira foram as principais barreiras.

No final, por muitos anos, víamos o conceito sendo traduzido no famoso “compra na loja física e recebe em casa” ou o contrário “compra na loja online e retira na loja física”, eram ideia muito boas e rentáveis, mas é como dizer que a sua marca faz marketing digital só porque tem um Instagram com 3 posts semanais.

Lojas conectadas

Um estudo do Portal Mercado e Consumo de Julho de 2025, mostra que “um ponto de encontro entre marcas e consumidores. Essa transição já vem acontecendo com o varejo omnichannel, em que os espaços tradicionalmente focados em venda direta caminham para se tornar ambientes de experiência e de conexão emocional com os clientes”, interessante, mas desculpa, altamente atrasado.

Não estou aqui falando mal da matéria, muito pelo o contrário, está ótima e com bons insights, mas sabe a pergunta acima – Estamos prontos para o futuro? – pois é, ela continua sendo sim?

Quando vemos uma matéria de 2025 falando a mesma coisa do que a NRF falou em 2014? Na ampla velocidade que as coisas ocorrem no universo digital?

É de conhecimento de todos que atuam no mercado de varejo que a jornada de compra começa, cada vez mais no digital, e aqui ter o “feijão com arroz” bem feito é fundamental, portanto, Instagram, YouTube, Google, Facebook e site tem que estar excelentes e com conteúdo mais educacional do que apenas venda. Ter um e-commerce deixou de ser um “luxo” é um canal fundamental para ampliar vendas, mas é preciso saber gerir muito bem.

Parece que o parágrafo acima foi escrito em 2014, certo? Infelizmente em 2025 ainda vemos marcas que não entendem isso; a Dona Maria que ia na vendinha todos os dias conversar com o Sr. Francisco que lá trabalha, hoje, pede pelo iFood e manda stickers para o WhatsApp dele, sabia?

Acordem! O consumidor mudou!

consumidor do futuroFrase de coach? De palestra? Lindo para falar em aula? Olha eu concordo com tudo isso, mas é impressionante como essa frase é dita aos quatro ventos, mas na hora de executar, ela fica totalmente esquecida…

O estudo que me inspirou a escrever esse artigo, tem um autor: Elói Assis, diretor-executivo de produtos para Varejo da TOTVS, que aponta um interessante insight

“O ambiente digital, apesar de prático, é mais impessoal, e os consumidores têm buscado experiências que envolvam interação real. O consumidor quer tocar o produto, conversar com vendedores preparados e receber informações que o ajudem a tomar decisões de compra com mais segurança e embasamento”, interessante e de novo, nada de novo, afinal em 2014 a NRF falou a mesma coisa, parece que o Brasil não acordou!

Na mesma época, me lembro de ter tomado conhecimento de um outro conceito, chamado “showrommer” que era o consumidor que ia na loja e pesquisava um produto, pelo seu celular, de dentro da loja e comprava no e-commerce por ser mais barato; ainda passo nas minhas aulas de planejamento digital, em MBAs, uma hilariante campanha protagonizada pelo genial Luiz Fernando Guimarães em que ele é um vendedor de uma loja de televisões e no final acaba ele mesmo comprando uma TV no site por ser mais barato que na loja em que ele trabalha.

Esse conceito e comercial são de 2015. Entende como estamos atrasados? Estamos prontos para o futuro? Será mesmo?

Olha tudo o que escrevi até aqui e veja como é o seu dia a dia dentro das organizações que você trabalha – ou se é agência trabalha para – e veja se tem algo aqui que você não se identifica.

Inovação deveria começar em casa

O dia que eu vi o VP de inovação de uma marca vetando uma estratégia de Metaverso dizendo que era preciso investir o dinheiro no Google atrás de performance, sendo que a diretora e gerente de marketing, na reunião, haviam aprovado o projeto, eu, sinceramente, quase desisti de lutar contra a miopia do marketing e me dedicar a criar conteúdo para Instagram, mas como sou brasileiro, eu não desisto nunca!

Agora te pergunto: estamos mesmo de olho no futuro? Eu por exemplo, tenho uma filha de 14 anos, o amor e a paixão da minha vida. Recentemente ela teve que comprar o presente de Dia das Mães e aniversário da mãe dela. Acha que ela foi no shopping? Mercado Livre resolveu.

Quando a minha filha, Fernanda, estiver com 22 anos, ela vai mesmo no shopping, local, alias que ela gosta de ir para comer ou cinema.

“Ah, mas esse é o comportamento da sua filha e não dos adolescentes…” bom, faça como um bom estrategista, vá as ruas e pesquise, pois eu já fiz isso e não foi uma só vez, como dizem por ai “tenho lugar de fala”.

Estamos prontos para o futuro?

Estamos chegando ao final desse artigo, com essa reflexão. Será mesmo que “Estamos prontos para o futuro?” Sinceramente, pelos insights acima, eu acho que estamos, mas ainda falta muita coisa. Vou explicar mais a minha reflexão abaixo.

A loja do futuro, por exemplo, que o artigo de Elói mostra, é muito mais do que prateleira e time de vendas, para ele é mais do que ser preenchida por corredores cheios de prateleiras, “a loja do futuro será um hub inteligente, totalmente integrado aos diversos canais de compra e comunicação, onde o cliente poderá transitar com facilidade entre o ambiente online, as redes sociais, o WhatsApp e o ponto de venda, de acordo com sua necessidade e conveniência”.

E de novo, nada de novo, a NRF já falava disso em 2014.

Estamos prontos para o futuro? Bem, vá a um grande shopping de qualquer grande capital do nosso amado e lindo Brasil. Quantas lojas conectadas você vê? Então, em 2014 o Google trouxe um case de uma loja chamada Rebecca Minkoff, em Nova York.

“Ah, mas era em Nova York…” uma pequena loja de rua, diferente de grandes grifes do Shopping JK Iguatemi ou Cidade Jardim em São Paulo, que já aplicava conceitos de Omnichannel em seu pequeno espaço; isso em 2013, em 2025 o que vemos no Brasil?

Minha reflexão

Sim, o Brasil está preparado para o futuro. Temos tecnologia, pessoas, inteligência criatividade e principalmente, uma população apaixonada pelo digital e inovação.

E o que falta então? Coragem!

Inovação é testar, é sair na frente, é ser pioneiro. Os loucos que achavam que iam mudar o mundo, o fizeram.

Felipe Morais
Felipe Morais
Publicitário, apaixonado por planejamento digital. Começou a carreira, em 2001, atuando como redator publicitário, passando, em 2003 para a área de planejamento digital, onde atua até hoje, sendo reconhecido como um dos grandes nomes do mercado no Brasil.

Comments are closed.