Clubhouse será um sucesso, é a pergunta do momento no universo digital. Marcas devem entrar?
Meu amigo Ricardo Rodriguez me entrevistou para um material do seu blog, da Close Marketing.
Nesse material, Ricardo vai ouvir outras visões e colocar a sua, escrevendo o seu texto, o que acho o certo a ser feito, e claro, que da minha entrevista ele vai tirar insights para seu texto, de novo, acertadamente, entretanto, passo a minha visão sobre esse novo fenômeno da Internet. Mas será que é um fenômeno mesmo?
Não foi boa. Sendo muito transparente. Do nada, você clica em uma notificação do seu celular, que nunca se sabe se é pessoa te seguindo ou sala e começa uma pessoa falar. Brinquei outro dia no meu Facebook que eu estava com medo, pois do nada, vozes do além começavam a falar sem parar!
Muito cedo para cravar isso. O Vine veio para ficar, o Snapchat veio para ficar, o Pinterest veio para ficar, tiveram a sua curva de lançamento, auge e queda muito rápido. Ainda estamos no campo da novidade. De fato, o burburinho que a rede está fazendo é inegável, então ainda estamos no campo de “deixa eu ver o que é isso”, mas eu, por exemplo, entrei, vi e faz dias que não uso, mas claro, esse é o meu perfil, tenho visto pessoas mais ativas. Esperar para ver, muito cedo para cravar algo.
Como disse acima, o burburinho foi grande, ou como publicitário ama dizer, o buzz… isso é inegável e claro que chama atenção quando até grandes portais de notícia falam de algo. Esse crescimento é muito compreensível. “Clubhouse” tem 102 milhões de buscas no Google. A curva dele ainda está em crescimento, resta saber até quando, como todo o produto que tem seu ciclo de vida, mas cravar – como já vi – que vai matar o Facebook ou Instagram demonstra um total desconhecimento da vida real.
Essa estratégia é sucesso e não é de hoje e não foi o Orkut que a criou. O Nubank a usou com maestria também. Essa sensação de exclusivo é algo que todos querem, do jovem ao mais experiente, homens e mulheres. Todos querem, mas sendo sincero, eu baixei o aplicativo, fiz minha conta e comecei a usar sem convite algum.
Sim. O iPhone não passa de 10% da base, entretanto a base está em 250 milhões de telefones e smartphones ativos, sendo a grande esmagadora maioria dos aparelhos ativos sendo smartphones. Estamos falando de uma base de 25 milhões de pessoas, pouco mais de 10% da população brasileira na faixa dos 220 milhões. Esses são números muito grandes, ou pequenos, de acordo com o olhar de cada um.
Claro que quando você tem um projeto que só atinge 10% de um potencial é altamente limitador. Como digo em sala de aula, criar um aplicativo apenas para o iOs é como otimizar um site apenas no Yahoo e Bing, uma vez, que 92% das pessoas usam apenas o Google. Em percentual é quase o mesmo, porém, li uma matéria recente que o time do Clubhouse fez um teste no iOs para lançar em breve no Android. Isso era até esperado, afinal, quando lançamos produtos fazemos praças testes e na Internet o iOs se torna uma “praça teste digital”.
Não sejamos teóricos do caos e muito menos “Mãe Dinah”. Até 15 dias atrás 99% das pessoas nem sabia o que era o Clubhouse. Esperemos mais 6 meses para tirar conclusões.
Felipe Morais é sócio-diretor da FM CONSULTORIA. Professor de MBAs e Cursos Livres na ESPM, USP, Faap, Belas Artes, Univ Metodista, Trampos Academy, Fashion Meeting e iCoop. Autor dos livros Planejamento Estratégico Digital (SaraivaUni), Ao Mestre com Carinho, o SPFC da era Telê (Editora Inova) Transformação Digital (SaraivaUni) e Planejamento de Marcas no Ambiente Digital (DVS Editora).