Como os brasileiros interagem no Instagram

Como os brasileiros interagem no Instagram? Há algum tempo o Instagram tem sido a ferramenta mais usada pelas marcas, e há muitas explicações para isso. Pesquisas mostram que o brasileiro passa mais tempo no Instagram do que em outras ferramentas, mesmo que o Facebook ainda detenha o título de rede com mais contas ativas no país.

A OpinionBox (Relatório Instagram – Janeiro de 2024) realizou uma pesquisa recente sobre a plataforma que mostra o Instagram como a Rede Social de maior engajamento entre os usuários no mundo e no Brasil, esse título tem feito muito sentido, como você vai ver aqui nesse estudo.

Como sempre faço, peguei essa pesquisa e estou trazendo os dados juntamente com as minhas observações e caminhos para expandir a sua mente, sempre com a minha visão de estrategista de planejamento e branding, área do marketing que eu atuo, esse estilo de artigo é uma das formas que eu gosto de escrever, trazendo embasamento para os meus pensamentos, independente do local onde ele será publicado.

Instagram a rede mais usada

A escolha das marcas pelo “Insta” não é em vão. Hoje o marketing não toma decisões sem analisar dados – ou pelo menos não deveria – que podem ser desde os mais básicos como os Analytics das plataformas e site, como pesquisas como essa da OpinionBox. A Inteligência artificial está atuando também nesse ramo dos dados e pode ajudar a sua tomada de decisão.

Quanto mais dados, maiores chances de acertar a estratégia, maiores chances não significa certeza do sucesso, afinal, essa certeza nunca teremos, e entender como os brasileiros interagem no Instagram é importante para o sucesso da sua estratégia no universo digital.

A pesquisa da OpinionBox aponta que 64% das pessoas estão usando o Instagram em 2024, esse número era de 45% em 2022; o YouTube caiu de 20% para 15%, já o Facebook teve uma queda de 26% para 10%. O TikTok cresceu de 3% para 4% e o Twitter/X caiu de 3% para 2%. Dados comparativos de 2022 para 2024, levantados pela pesquisa.

Quando se pensa em frequência de uso, em 2022, 53% das pessoas entram o várias vezes ao dia no Instagram, o número cresceu para 55%. Quanto as pessoas que ficam o dia todo, o percentual se manteve em 22%.

Para marcas que sabem construir um Storytelling – e não só vendas – é um dado muito importante, e vamos falar muito disso aqui, afinal, quanto mais as pessoas ficam no Instagram, mais elas querem consumir conteúdo por ali, e conteúdo, como vocês vão ver está bem longe de ser propaganda, entender como os brasileiros interagem no Instagram vai te mostrar a importância de construir histórias e não catálogos de produtos.

Cerca de 50% apontam que começaram a usar mais o Instagram nos últimos 12 meses e 30% dizem que vão aumentar ainda mais até Janeiro de 2025, apenas 16% afirma que vai reduzir o tempo, o que reforça a tese da importância do Instagram nas estratégias de marca.

O que as pessoas gosta de ver?

Uma coisa, nenhuma pesquisa precisa comprovar, que é o que chamamos de “verdade humana”: as pessoas detestam ver propaganda, seja na plataforma que for.

Quem não fica “p da vida” quando está vendo um podcast de comédia e na hora do desfecho da piada entra a propaganda de uma marca a qual você nunca se relacionou? Eu, pelo menos fico muito “p da vida”, e você vai ler mais abaixo que não sou o único a me sentir assim.

Cerca de 60% das pessoas gostam de acompanhar e curtir fotos e vídeos e 57% gostam de acompanhar os Stories. São números bem superiores aos 49% e 47% que é o percentual, respectivamente, de pessoas que gostam de publicar fotos e Stories em seus perfis pessoais, começamos aqui a entender como os brasileiros interagem no Instagram.

Até aqui, nada de muito novo, o Instagram é a rede para ver e ser visto, isso é algo que todos sabemos, mas as pessoas gostam mais de ver do que de publicar, e isso é um insight poderoso para marcas criarem Storytellings de qualidade.

Cerca de 50% das pessoas gostam de acompanhar conteúdos de viagem de turismo, e isso não significa apenas das pessoas que seguem, das empresas também, aqui tem um campo muito amplo para criar qualidade.

Me chamou a atenção esse segmento estar à frente de Humor (47%), Gastronomia (46%), Saúde (45%) e Músicas (38%) – para ficar no top 5 – pois temas como Humor e Saúde sempre foram algo que as pessoas consumiam muito, basta ver os humoristas de Stand up a quantidade de seguidores que possuem, muito mais do que qualquer agência ou veículo especializado em viagens.

Compartilhamos o que gostamos

Frase manjada, mas verdadeira. Cerca de 82% das pessoas compartilham o que gostam ou o que acham que faz sentido para outras pessoas. Maya, minha esposa, recebe pelo menos 3 posts por dia em seu inbox sobre moda, luxo ou varejo digital, os temas em que ela é uma grande especialista. Você deve fazer o mesmo, não?

Por outro lado, 75% das pessoas tem o costume de salvar conteúdos no Instagram, ou seja, mais do que volume de posts é preciso ter qualidade, desses 58% salvam para ver com calma depois, afinal quando engatamos a 1a marcha para ficar arrastando para cima, não queremos perder nada, por isso, as pessoas separam conteúdos para ver depois; 32% das pessoas salvam para inspirar seus conteúdos futuros.

Eu sou um grande fã da Montblanc, quem me segue ou já leu meus livros sabe disso, e um dos motivos deu ser esse fã são seus conteúdos, a Montblanc não vende, ela inspira e provoca o desejo, ou seja, como os brasileiros interagem no Instagram é um ponto positivo da marca para ser um case de sucesso, mesmo que a marca seja global, a comunicação no Brasil precisa traduzir o que o brasileiro quer.

A Montblanc não posta todos os dias, ela cria conteúdos muito bons e replicáveis, não é a frequência, é a qualidade, não é a venda é o posicionamento de marca. As campanhas para Instagram de lançamento de produtos são as melhores que eu já vi na plataforma.

O papel das marcas

Um insight que achei interessante da pesquisa aponta para

“o Instagram é um importante canal para estreitar o relacionamento entre empresas e consumidores. Ao longo da pesquisa, buscamos entender as preferências dos consumidores em relação às marcas presentes na rede”.

A plataforma está bem longe de ser um catálogo de produtos da sua empresa onde o foco é a venda. Toda a vez que eu vejo uma estratégia de marca onde a venda é o único KPI, eu já temo pelo gestor de redes e tráfego da marca, vai penar muito.

Antes de vender é preciso encantar! Como os brasileiros interagem no Instagram faz parte desse encantamento, e como sempre reforço: ninguém casa com a pessoa que começou a namorar no mesmo dia.

Essa comparação com casamento é algo que eu sempre faço, pois a propaganda tem a missão de encantar as pessoas, mais do que vender, as pessoas só compram – ou casam – em quem confiam.

Nesse momento, estou escrevendo esse artigo enquanto espero uma pessoa chegar para uma reunião de negócios. A pessoa estava na rua, em diversos compromissos, e queria vir em um lugar tranquilo para um bate papo, não pensei muito em indicar um local onde venho com frequência com a minha esposa para momentos tranquilos. Isso é confiança na marca.

Como os brasileiros interagem no Instagram

Segundo a pesquisa, “70% das pessoas concordam que as marcas devem estar presentes nas Redes Sociais para interagir com os consumidores”, é assim que a conquista começa, com uma conversa que gere confiança entre as partes; 82% das pessoas seguem marcas no Instagram, mas posso garantir que nem 0,001% seguem para ver as propagandas que essas fazem.

Por mais que 68% das pessoas já tenha comprado um produto ou serviços oriundos de pesquisa no Instagram, a ferramenta não é apenas para isso, desculpe ser repetitivo nesse tema, mas é algo que quero reforçar muito nesse artigo, afinal, 48% das pessoas utilizam a ferramenta para tirar dúvidas ou fazer reclamações com a empresa.

Logo, o relacionamento com as pessoas via Instagram se faz mais do que necessário, por outro lado, apenas 24% das pessoas estão satisfeitas com as respostas das marcas para suas solicitações via Instagram. Olho nisso! Entender como os brasileiros interagem no Instagram faz parte de insights para construir o relacionamento.

Consumidor no centro

Em cerca de 99% das palestras que assisti nos últimos anos, em algum momento falou sobre “consumidor no centro de tudo”, entretanto, em uma delas, uma pessoa que estava ao meu lado comentou comigo “o cara fala consumer center (mais bonito usar o termo em inglês, né?) e olha aqui no perfil da marca dele, nunca responde a um comentário…” pode soar um tanto quanto simples esse exemplo, mas se uma marca não faz o mais básico, não tem como acreditar que ela realmente coloca o consumidor no centro de tudo.

Entender como os brasileiros interagem no Instagram é entender que cerca de 51% das pessoas já compraram algum produto que viram no Instagram, nesse exato momento em que escrevo estou usando um relógio que comprei vendo uma campanha na plataforma social, entretanto, é preciso reforçar que 49% das pessoas não compraram nunca.

Para uma rede com 114 milhões de pessoas ativas, esse percentual é muito alto, ou seja, não é uma rede apenas para vender, e se a sua empresa pensa assim, nem diga ser consumer center pois vai passar vergonha nos eventos.

Para 59% das pessoas, os anúncios na plataforma ou irritam ou são indiferentes, apenas 10% das pessoas clicam em anúncios, 35% as vezes e 55% nunca/raramente. Cerca de 57% das pessoas tem a sensação de que os anúncios do Instagram são falsos e 55% acha a quantidade de anúncios exagerada. Cerca de 46% das pessoas não gosta de propagandas ou conteúdo patrocinado em seu Instagram. Instagram é vendas onde?

Vamos ser consumer center e colocar propaganda goela abaixo das pessoas, a estratégia é essa? Vai continuar usando a plataforma apenas para vender?

E como se comunicar

O Reels é uma funcionalidade relativamente nova e tem agradado, mesmo que a maioria ainda preferia ver do que publicar. Cerca de 64% publica um Reels raramente ou nunca, porém, 66% assistem várias ou pelo menos uma vez ao dia, sendo que 55% assistem de noite; esse é um recurso muito interessante para ser usado, mas repetindo, não é apenas para vender!

Entender como os brasileiros interagem no Instagram é entender que pessoas gostam mais de consumir do que criar conteúdos.

O TikTok é uma rede que cresce muito no Brasil, ainda mais por causa dos vídeos curtos, entretanto a pesquisa ponta que 57% preferem ver vídeos no Instagram versus 18% no TikTok; 55% das pessoas começam a ver os Reels quando esse tem uma sequencia, ou seja, conte uma história.

Quando o assunto é Stories, um recurso mais conhecido pelas pessoas, cerca de 83% delas assistem pelo menos uma vez ao dia; já as lives tem uma média entre gosta e não gosta, foi um recurso muito usado na pandemia, tão usado, que parece ter saturado, 40% das pessoas assiste entre várias vezes ao dia e uma vez por semana, já 40% assistem raramente ou nunca.

Conclusão

Usar o Instagram é mais do que uma obrigação, mas não para vender somente. Existe uma diferença entre estar na Rede Social e saber estar, para começar, que o Social do termo vem de socializar, e não vou criado pelo Orkut. Já existia há séculos.

Me lembro do curso que fiz na FGV sobre Redes Sociais onde nos foi apresentado que Redes Sociais sempre existiram, o Instagram, Facebook, Twitter, LinkedIn são apenas plataformas que ampliam o nosso convívio social, que ampliam a nossa chance de socializar.

No livro “A cabeça de Steve Jobs”, o autor Leander Kahney, mostra um dado interessante quando diz que Wall Street nunca viu Jobs como um gênio do design, mas sim do marketing, pois ele, como ninguém, soube usar a essência do marketing em sua marca, que não é vender, mas despertar o desejo, e como meu amigo Fernando Kimura diz em suas palestras sobre desejo, é o que nos move.

Se você chegou até aqui, é porque tem o desejo de saber mais sobre Redes Sociais. Se você comprou o relógio da Montblanc é porque tem o desejo de parecer uma pessoa de sucesso, se você iniciou um MBA na sua área é porque tem o desejo de crescer, se começou um relacionamento é porque tem o desejo de dividir a sua vida com alguém. Desejo é o que nos move, desejo é o que o marketing desperta, desejo é o que o Instagram dá recursos para explorarmos.