Em terra de blind, quem tem um eye é king

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Em terra de blind, quem tem um eye é king é uma sátira do publicitário da Faria Lima, os “Faria Limers“. Aquela galera que solta jargões em inglês em meio a reuniões para parecer inteligente, mas só mostram despreparo. Os gestores de marca sérios, dão risada dessa galera cheia de jargão e de pouco conteúdo, mas nas agências, eles são “os kings”!

O mercado publicitário está cada dia mais engraçado. O ego dos publicitários está mais inflado do que as contas correntes dos nossos políticos. E para mostrar, como somos “top” é preciso usar palavras em inglês no meio das frases, é fino, é chique, é cool!

Olha, como isso deixa todo mundo mais inteligente. É claro que o cliente, ou melhor, o client, vai achar que por que eu falo dígital (sim, com acento), Móbol ou Strategy eu vou ser muito mais inteligente, tal qual, se eu tiver um Macbook Air e usar o Keynote ao invés do velho Power Point. E seu falar mal do Kotler então, mais pontos para mim! Como o título diz, em terra de blind, quem tem um eye é king!

#sqn certo?

King

Recentemente eu fiz um post no meu Facebook falando sobre esse uso totalmente desnecessário de palavras em inglês no meio de uma frase, um “estrangeirismo” absurdo que deixaria Ariano Suassuna mais bravo que aluno que fica de DP por 0,2 pontos!

Isso não soa como “ser mais esperto” é apenas um jogo de palavras, que em muitos casos, esconde um discurso vazio e sem sentido dentro de um universo de jogo de palavras. Apenas isso! Fale menos. Faça mais!

Há termos, claro, que já estão inseridos no cotidiano como marketing, brief, layout, e-mail, happy hour, startup, iBeacon, Omnichannel, branding, por exemplo, mas há bizarrices gigantes como “abrasileirar” palavras ou usá-las no tempo verbal errado, sabe o que é “drivar”? É então… não à toa que brinco “em terra de blind, quem tem um eye é king’, conforme o título, viu por que em terra de blind, quem tem um eye é king.

Pegando várias ideias que me passaram nos comentários desse post e de outros que sou marcado constantemente, eu bolei uma divertida conversa dentro de uma agência. Sim, exagerei um pouco, mas olha, tem dias que o que escrevi abaixo é pouco…

O papo dos publicitários Faria Limer

Como o título acima diz, Em terra de blind, quem tem um eye é king, e abaixo, você vai entender o sentido da piada.

10h da manhã e o atendimento manda um email para todo mundo:
– PessoALL tudo ok? Preciso de uma meeting em 30 minutos na meeting room 3, ok?
New job in the house!!

E começa a chover as respostas, com cópia para todo mundo:
– Ok. Mas pode passar um brief do que é?
– O Alberto me ligou. Ele quer uma strategy para o ano que vem para uma das marcas que ele cuida.
– Alberto?
– Nosso client. Ele quer que o planner elabore uma strategy para a campanha, mas preciso envolver o creative team também pois é preciso levar layout. Media e Xoxial também precisam estar na meeting room.
– Good. Lets go para essa reunião então!
– Até o momento tenho apenas highlights do brief, mas já é um start para pensarmos sobre a media.
– Tem que ir o time todo ou só os heads?
– Todo mundo is better!
– É brainstorm?
– Possible! Tenho poucas infos do brief, mas podemos ir pensando no target, strategy, xoxial, lead generation e na media para ir adiantando alguns points.

Passados 30 minutos, todos sentados a mesa.

Em suas frentes, Macbooks com adesivos de Redes Sociais, iPhones sobre a mesa e WhatsApp aberto.
Copos de água e umas bolachas roubadas. O atendimento, então, pede silencio e a palavra:

– Ok people. Vou passar o brief para vocês. Client já me disse que não quer nada over. Ele quer uma suprise, que o consumer possa ter uma experiência única!

– Mas a campanha é off ou díiiigital marketing?

– É onoff! Precisamos de uma strategy que envolva tudo: TV, Rádio, Jornal, Díiiiigital, Móbol, Google, Adssss, Lead generation, perform e tudo mais. Não podemos esquecer do branding, claro!

– Certo. Mas para eu pensar na media. Qual o budget?

– Ele ainda não sabe, está atrás de um up no que tem. Atualmente tem 1 milhão for year!

– Nossa! Com isso não podemos fazer nada.

– By the way, temos que tentar algo.

– Sim. Ele nos pediu uma previsão de custos e return. Assim ele consegue junto ao board esse up no budget

– Mas será advertising essa campanha?

– Sim. Total!

– Mas vamos ter que usar data driven na campanha. Bigdara é algo a se pensar na execution?

– Possible!

– Estamos concorrendo com a outra agência de díiiiigital?

– For now, aparentemente sim, mas sabemos que esses caras são loosers, então se fizermos algo good ele aprova. No momento aquela agência é uma startup e nós consolidados. Eles só fazem diiiiigital e nós o 360o. Vamos levar essa porque nosso delivery é maior.

– Uhuuuuuuuuu

– That’s the point. O que precisamos fazer?

– O target dele é simples: Homens 35+ de São Paulo. Gostam de um lifestyle bacana, curtem Happy Hour, são early adopters. Ele não quer falar com o Millenialls, hein!

– What Else?

– Bem, sobre o target é isso que temos. O planner precisa fazer uma in-depth research sobre esse target. Could be?

– Sim. Deixa comigo. Vou usar tools para pesquisar mais sobre esse target. By the way, quem são os concorrentes deles?

– Os mesmos de sempre, apesar, que um deles está com tudo freezing nesse momento por causa de budget, logo, o Alberto disse que eles não farão nada até Março. Estamos quase alone nesse mercado.

– Cool. Farei um benchmarking geral e analisar points que possam nos ajudar nos strong points

– Precisamos saber as polices do product, ok? Qual place será vendido? Temos budget para todas as praças?Qual focus de tudo isso?

– Isso temos que analisar com calma.
O brief ainda está small, mas o Alberto vai nos passar mais coisas ainda today, ok?

– Nós temos um deadline?

– Sim. Temos até 4a que vem para entregar a strategy, criativos, KV, media plan e Roi Analyze

– Até ROI? Esse prazo está totaly small. Precisamos de mais tempo para pensar.

– Sim. O client precisa para aprovar o budget maior. Ele está atrás do up, né? Vou ver se ganho mais time com ele, tá?

– Qual seu feeling para esse project?

– Alto! Eu acho que ele fecha with us! Porque ele gosta do nosso trabalho e me disse que somos melhores estrategistas que a outra agencia.

– Loosers

– Total…

– Vamos usar o pessoal de User Experience?

– Maybe. Primeiro precisamos do drive da campanha. I believe que vamos ter que pensar em um site novo para 2021 ai eles entram para o team também.

– Show

– Olha, para mim ainda não está clean.Estou com duvidas ainda. Uma Call com o Alberto rola?

– Vou mandar um email e um whats para o Alberto, pode ser?

– Cool! Faz essa bridge para mim? Liga e marca com ele para eu tirar umas dúvidas do project.

– O Alberto disse que não pode fazer uma Call agora, mas que ele vai sharing um documento com mais infos pois ele estava de manhã com o board para entender mais a campanha. Vou passar meu gimail para ele me mandar pelo Drive e sharing com todos vocês!

– Esse Job eu to achando ser muito xoxial…

– Sim, parece mesmo. Vamos usar influenciers?

– Acho que vale. Tem umas tools novas para localizar influencers. Vou marcar uma Call com duas para ainda hoje.

– Cool. E faremos de Adssss?? Fácebook? Tuirer? Instagreem?

– Possible. O FaceAds dá muito retorno para eles. Conseguimos com R$ 250,00 ter 8,3 mil likes no post! Um CPC de R$ 0,03! Sucess!!!

– Uau! Isso gerou acesso ao écommerci deles?

– Pouco. Fizeram umas 10 sales! Mas olha quantos likes! Show!

– Quem está olhando o Anaritics deles?

– O pessoal de BI

– E os reports? Você analisou?

– Sim. Extraíram do Google Anaritics e me mandaram.

– E você achou o que?

– Olha, tem alguns insights interessantes por ali. Temos um good way para passar na strategy pois temos um history interessante de actions feitas principalmente no diiiiigital

– Wonderful!

– Minha preocupação é quem vai dar o drive desse project

– O planner tem que drivar isso. Ele é quem tem o controle do branding do client.

– I agree sobre isso. Essa possible é totalmente válida.Faz muito sense.

– E no móbol? O que faremos? Eles não tem apepe ainda.

– Estou no planning disso há semanas. Queria uma meeting com o Alberto para explain a ele o que eu pensei, meus insights e tools que podemos usar dentro do apepe

– Tipo quais?

– Um de geolocation que vai mostrar ao consumer onde ele está e como ele pode to buy na loja mais próxima.

– Você pensou no Consumer Journey?

– Claro! Em cada step dele

– iBeacon será usado? Omnichannel?

– Maybe. Estou pensando mais em Internet of Things por ser mais actual

– Sim. Esse conceito é muito legal. Mas ser que o consumer está ready para usar isso?

– Maybe. Estou pesquisando mais sobre para apresentar ao client. Estou até comfortable para isso

– Excelent!!! O Alberto gosta muito de móbol. Ele tem um Aifôn 7 e um Samsung 8 para testar. Sei que ele tem 2 iPads em casa, um para ele e outro para a wife.

– Essa campanha é revenue share?

– Maybe. Isso eu tenho que falar com o Boss ver se ele aceita. Mas é o nosso maior client, acredito que não haverá problem with that

– E quais os next steps?

– Bom, vamos montar alguns important points hoje para o Alberto. Até o fim do dia, quero passar um report para ele, fazer um debrief. Vou propose ir até lá mesmo. Conseguem me mandar tudo até as 17h?

– Sim!!

– Cool. Ai com ele, eu vejo se está tudo ok. Nosso Go live deverá ser amanhã. Ai planner, se prepara para drivar tudo. O head será o responsável, ok?

– Estou mandando um Whats para o Alberto
“Dear. Podemos agendar um papo today?
Algumas duvidas do team que temos que talk about pessoalmente. Pode ser?”

Ele respondendo eu falo com vocês.

– Ok

– Legal. Ele respondeu que tudo bem! Deixa eu abrir meu Mac para mandar um invite sobre essa meeting. Algum head quer ir?

– Eu posso ir.

– Wonderful. Vou colocar aqui no invite você too

– Coloca o adress também? By the way vou com meu carro, porque de lá tenho que cair na estrada, pois tenho uma trip esse findi bem legal

– Nossa, hoje é 6a! Dia de Happy. Ah, relax. Nem vou nessa meeting. Toca o pau lá e depois nos manda report por email.

– Sextou!

– Lets almoçar?

– Sim! Quero ir naquele japa!

– Sextou!

E assim, se termina uma reunião na agência onde mais um projeto será criado para um cliente. E todos viveram felizes para sempre e se achando os maiores, afinal, em terra de blind, quem tem um eye é king.

Em terra de blind, quem tem um eye é king

Bom, eu sei que muita gente gostou, riu e vai comentar.
Em terra de blind, quem tem um eye é king foi apenas um manifesto para que essa onda ridícula acabe, e vou confessar uma coisa, tenho grandes amigos que se encaixariam perfeitamente nesse texto.

Outros vão me xingar, faz parte, esse foi apenas um texto desabafo, uma critica a uma sociedade que não precisa falar client, strategy, media, call para ser inteligente. Há muito talento por ai que usa planejamento, criação, publico-alvo que sem arrogância e fazendo, faz a diferença no mercado!

Em terra de blind, quem tem um eye é king, mas quem faz a diferença é quem pensa e não quem fala igual o Supla, aliás “Em terra de blind, quem tem um eye é king” seria um excelente título de musica para o “Papito”.

E sim, devo ter cometido erros de “gírias” o que foi proposital para mostrar que em muitos casos, nego fala bonito, mas nem sabe o que está falando.

Em terra de blind, quem tem um eye é king

 

 

Felipe Morais
Felipe Morais
Publicitário, apaixonado por planejamento digital. Começou a carreira, em 2001, atuando como redator publicitário, passando, em 2003 para a área de planejamento digital, onde atua até hoje, sendo reconhecido como um dos grandes nomes do mercado no Brasil.

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