Voz no marketing é um tema que você vai ouvir muito falar, perdão o trocadilho, nos próximos anos. A Alexa, por exemplo, na sua casa não é um aparelho apenas para você dar o comando para ela ligar a sua playlist favorita. As marcas já estão entendendo isso, aliás, até o Google está uma vez, que já se recomenda artigos com recursos que possam ser usados em busca por voz.
“O gigante da tecnologia sempre deixou claro seus investimentos para que o conteúdo entregue aos usuários na busca seja o mais relevante possível. Essa atualização passou a considerar o verdadeiro intuito de uma busca e o contexto aos quais as consultas eram feitas. Com isso, profissionais da era digital tiveram que se adaptar ao novo método, trabalhando conteúdos realmente úteis e valiosos ao público, ao invés da tradicional tática de palavras-chave” , aponta o site Ninho Digital
Quem me acompanha nesse blog e nas minhas Redes Sociais, em especial no LinkedIn, sabe que eu sou um defensor do marketing indo além das Redes Sociais; talvez por isso eu não tenha muitos “xoxialmedia” me seguindo com a sua visão míope de que marketing digital se resume a post patrocinado no Instagram ou contratar o influenciador que nada tem a ver com a marca, mas tem audiência, para uma sequencia de posts que raramente resulta em algo além de um cliente bem p da vida com o pífio resultado…
Esse post é para falar sobre voz no marketing, então deixemos os posts de lado, eu não sou contra eles, muito pelo o contrário, sou contra quem avalia que dentro de inúmeras possibilidades dentro do universo do marketing, avalia que Redes Sociais é o que se tem para fazer. Tolinhos…
Isso não é nenhuma novidade, aliás, é uma prática no Brasil de muito tempo. Olhamos nosso celular 150 vezes ao dia, passamos mais de 10 horas conectados e estamos entre os 5 países que mais acessam as principais plataformas do mundo como Google, WhatsApp, YouTube, Facebook e Instagram, por exemplo.
No evento Customer Experience, da Revista Consumidor Moderno – fundamental para ser lida por qualquer profissional de marketing digital – Renato Cerri, Consumer Care director da Whirlpool Corporation, soltou uma importante frase para mostrar a importância dessa experiência do consumidor
“Produtos cada vez mais conectados ao consumidor exigem das empresas mais atenção às novas tecnologias, segurança e privacidade. Hoje, os negócios são voltados para a experiência do cliente, para a personalização e, sobretudo, para o seu maior ativo de valor, o tempo”.
Cerri está mais do que certo. O problema é que as marcas, ao meu ver, estão mais interessadas em Redes Sociais e performance do que pensar em como inovar; uma boa notícia: dá para fazer os dois!
Não é nenhum segredo, como mostrei com dados acima, que as pessoas estejam cada dia mais conectadas. A piada “esqueço a carteira, mas não o celular em casa” perdeu a graça, mas não a sua essência, é isso mesmo que as pessoas fazem, e agora com o PIX, carteira pra que?
Não me vejo, e acredito que você também não, um dia sem o celular. Por mais que eu e a minha esposa, toda a 6a feira dissemos que vamos fazer “detox” desse aparelho, a gente nunca consegue.
Basta sentarmos na mesa de um restaurante para comer, deixar o celular em cima da mesa, para surgir algum assunto onde um dos dois precise pegar o aparelho para pesquisar alguma coisa. E com você ?
Isso dito, é preciso entender como as marcas podem usar isso a seu favor. Se antes falávamos de um site mobile ou aplicativo – ainda fundamental – hoje estamos migrando para um atendimento por voz cada dia mais efetivo. E se hoje está apenas no smartphone, amanhã é na Alexa, no smartwatch e no que mais vier por ai que esteja conectado. Voz no marketing é um futuro que não está tão distante como se imagina.
O 5G é uma realidade no Brasil e a Internet das Coisas é outra, que há muito se fala, mas pouco se vê, porém, isso está com os dias contados, em breve veremos tudo se conectando com tudo, sairá do sonho e do papel para a realidade a geladeira conectada com a TV que avisa no seu smartphone que acabou a cerveja que você toma vendo o seu time do coração jogando.
A Internet das Coisas, será, e muito, potencializada pela Inteligência Artificial, essa já temos visto com mais frequência. A Lu, da Magalu, é uma precursora e seu sucesso é tanto, que outras marcas estão aderindo a esse tipo de comunicação com avatar, algo que o Ronald McDonald fazia com maestria, mas no canal offline, ou seja, nas lojas físicas da rede de hambúrgueres mais famosa do mundo.
Para Paulo Godoy, CEO da Olos Tecnologia, a IA redefiniu as relações entre empresas e clientes – principalmente pela imposição dos fatores derivados da pandemia. “Todas as empresas hoje, de alguma forma, aplicam a Inteligência Artificial em seus canais de atendimento. Uma tecnologia que se torna exponencial a cada dia. E isso mudou o comportamento de consumo e as relações entre empresas e clientes”, apontou no evento da Consumidor Moderno, citado aqui nesse texto.
A pesquisa por voz está em uma verdadeira crescente de uso, afinal, as pessoas estão percebendo que é muito mais fácil – e rápido – falar do que digitar. O número de usuários é maior entre os adolescentes, mas isso não significa que outros públicos não utilizam o mecanismo de busca, ao contrário, os adultos estão logo atrás quando o assunto é pesquisa por voz, ou seja, use e abuse da voz no marketing.
Devemos tomar muito cuidado com isso. Temos casos e mais casos de erros grotescos dessa tecnologia, por isso, faz sentido a frase de Fábio Lins, superintendente-executivo de Inovação, Canais, Pix, IA e Open Finance do Banco Original “o consumidor não pode ficar preso no atendimento via bot. Caso ele queira falar com um humano, precisa haver essa opção, e rápido” e quem faz isso muito bem é o aplicativo da Shopee.
Me lembro uma vez de estar no chat de um banco digital, dos maiores do país. E não era o Original. Eu havia perdido meu cartão de crédito e precisava de outro. Entrei no chat e o bot me pedia para entrar no chat para fazer a minha solicitação. Não escrevi errado, é isso mesmo, dentro do chat o bot me pedia para ir ao chat… era como se eu tivesse no McDonalds querendo comprar meu Xburguer e a atendente me mandasse ir para o McDonalds comprar o lanche!!!
Foram 3 dias para conseguir esse novo cartão única e exclusivamente porque o chat não me dava opção de falar com o atendente. Quando mandei um email, foi resolvido, mas entre eu acreditar que o email ia ser mais rápido que o chat e realmente mandar foram 3 dias perdidos. Por sorte, eu tinha conta em outro banco digital e transferir o dinheiro para poder usar no dia a dia.
“Temos um processo customizado de machine learning, que tem um aprendizado constante. Estamos no caminho. Hoje, 50% das nossas transações ocorrem 100% automaticamente, seja por texto, seja por voz. Além disso, por meio da tecnologia, tivemos um cliente que reduziu a ‘rechamada’ (nova ligação após queda da primeira ligação) de 14% para 8% pela voz de um robô”, exemplificou Bruno Marinho, CIO do Grupo Services, no evento da Consumidor Moderno.
O machine learning é algo que debato muito em meu livro Transformação Digital; como o nome mesmo diz, é um aprendizado constante da máquina, porém, dependendo da empresa são milhões de dados para serem armazenados e aprendidos em um único dia.
Imagina como deve ser insano o call center de uma Vivo. São 86 milhões de clientes na base da operadora. Se apenas 1% resolver ligar, é um número de 860 mil pessoas no dia. E com certeza não é apenas esse 1% que liga, mas quis trazer para você uma ideia de número, o quanto essa empresa pode aprender com os problemas dos clientes e trazer insights para o time de inteligência de mercado, marketing, comercial, entre outros.
O Big Data, outra ferramenta que falo muito em meu livro de Transformação Digital é a base para que esse aprendizado se transforme em informação e não fique apenas em uma base de dados que nunca seja acessado. Use e abuse dos recursos de voz no marketing para poder ter uma melhor experiência para os consumidores.
Se você acha isso uma bobeira, ok, sua opinião, mas veja isso:
De acordo com um estudo feito pela ComScore, até 2020 cerca de 50% de todo o volume de pesquisas será feito por voz, a pesquisa ainda aponta que 55% dos adolescentes e 41% do público adulto utiliza pesquisa por voz em mais de uma ocasião ao dia.
Ninguém em sã consciência vai brigar com dados do Google sem que tenha uma pesquisa para isso, o que não é o meu caso, então vamos a uma pesquisa que o Google trouxe sobre o uso de voz no marketing por faixa etária:
Adolescentes
Adultos
E para a sua marca:
Vai mesmo continuar a fazer apenas Redes Sociais?